As escolas dispõem de estratégias e dinâmicas para preparar a transição para a vida pós-escolar de todos os alunos, nomeadamente através de ações de orientação escolar e vocacional trabalhando sempre em articulação com a comunidade local. As questões que se colocam aos alunos e às famílias são muitas e variáveis, como por exemplo: Qual a motivação para prosseguir estudos ou formação? Que curso escolher? Como perspetiva o seu projeto de vida? Que passos são necessários para desenvolver as competências necessárias? Esta fase implica recolher informação, refletir e tomar decisões face à vida pós-escolar. Por outro lado, todos os intervenientes no processo educativo bem como a comunidade em geral têm um papel que deve ser, casuisticamente, esclarecido e dinamizado (Pereira et al., 2018, p. 37)

Para responder às necessidades educativas especiais da criança e do jovem com dificuldades do foro cognitivo e motor torna-se fundamental adotar metodologias de intervenção adequadas. Um vetor estruturante desta resposta reside na observação/deteção e avaliação das necessidades educativas dos destinatários da intervenção, de molde a permitir uma atuação tão precoce quanto possível junto da criança ou do jovem, sua família e comunidade. No contexto escolar a resposta exige uma adequação ponderada e criteriosa do currículo geral nacional às características das crianças e jovens com NEE ou a criação de medidas específicas para os alunos cuja problemática não lhes permite o acesso ao currículo comum. Sendo o papel do educador/professor de educação especial imprescindível em todo este processo, a sua atuação não deverá ter um caráter insular, mas sim fazer apelo ao desenvolvimento de sinergias com outro tipo de atuações (de pais, de professores do ensino regular, de técnicos de diferentes áreas) para proporcionar um efeito multiplicador benéfico da resposta às necessidades destes alunos. Os conteúdos selecionados neste programa procuram dotar os formandos das competências acima mencionadas, tendo como principal preocupação a valorização da sua experiência profissional, refletir sobre ela, situar-se no próprio processo de formação e conduzir uma efetiva mudança das suas práticas.

Apesar da disciplina de Psicologia estar integrada, em Portugal, de forma generalizada nos modelos institucionalizados de formação inicial da maior parte dos profissionais que atuam na área da Educação Especial, qualquer abordagem à educação de crianças e de jovens com NEE não pode dispensar, no mínimo, uma revisão e sistematização dos conhecimentos de índole psicológica sobre o desenvolvimento e a aprendizagem. Esses conhecimentos permitem aos interventores técnicos compreender e analisar os casos de alteração ou perturbação naqueles processos, proporcionando-lhes um referencial para uma intervenção sistemática e fundamentada junto dos seus educandos. Neste programa optámos por selecionar um conjunto de conteúdos que facultem a estes profissionais um quadro geral para intervenções visando, conforme a situação específica, a adequação da ação educativa à criança/jovem com NEE, a estimulação da linguagem oral e a promoção do desenvolvimento psicomotor, moral e social.

Esta unidade curricular aborda alguns temas básicos para a compreensão do enquadramento histórico-filosófico e político-jurídico subjacentes à organização de serviços de apoio às crianças e aos jovens com necessidades educativas especiais e suas famílias. Pretende, sobretudo, contribuir para reflexão e confronto de posicionamentos pessoais face aos assuntos em análise, tendo em vista uma atuação mais crítica e esclarecida do futuro interventor no domínio da Educação Especial.